Os cinco primeiros livros da bíblia escritos por Moisés, chamados de Pentateuco ou Torá, que no hebraico significa: instrução, apontar para o alvo, estabelecer uma fundação, contêm verdades espirituais riquíssimas sobre a vida no Reino de Deus. A Torá não é apenas a lei escrita, ou uma doutrina, ela na verdade é essência de Deus revelada ao homem. Muitos leem o Pentateuco apenas como livros históricos da criação de Adão e Eva, do dilúvio, de Abraão e Isac, das dez pragas do Egito, da famosa abertura do mar do vermelho, da peregrinação do povo de Israel no deserto, das tabuas da lei, do Tabernáculo, mas poucos realmente conseguem ver, com olhos espirituais, a bíblia dentro da bíblia, ou seja, o Espírito dentro da letra e as revelações poderosas de uma vida vitoriosa no Reino de Deus. O que o Espírito Santo nos revela de Gênesis há Deuteronômios, são instruções que nos levam para o alvo, que é Cristo e o mesmo Espírito estabelece no nosso espírito um fundamento, uma Rocha eterna e por meio da unção que em nós opera do Espírito (1 Jo. 2:27), somos guiados a viver nele. Deus se revela detalhista, minucioso, zeloso e profundo ao passar para Moisés as riquezas de sua glória contidas nesses cinco livros. Cada livro revela qual posição ou lugar nós nos encontramos no Reino de Deus. Tentarei fazer um breve resumo sobre eles, para que você se localize e se encontre no Reino de Deus.
O primeiro livro é Gênesis, que no grego significa: nascimento e origem, têm como principal enredo a criação dos céus e a da terra, primeiro o espiritual, depois o terreno, primeiro Cristo, depois o homem a sua imagem e semelhança. Temos Cristo sendo revelado ao homem por meio da luz, que faz separação das trevas. Gênesis é a origem do homem espiritual, que nasce de novo em Cristo, é o momento que nos tornamos nova criatura: E, assim, se alguém está em Cristo (Luz do mundo), é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co. 5:17). Quando estamos no mundo, sem o conhecimento de Cristo, somos trevas e esse período de trevas não conta para a eternidade. Na eternidade só conta o que é eterno, ou seja, o que é espiritual, o perecível não conta: Em verdade, em verdade vos digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne (perecível; temporal); e o que é nascido do Espírito é espírito (eterno)… e todo aquele que nele crê (em Cristo) não perece, mas tem vida eterna (em Cristo nos tornamos eternos); João 3:5,6,16. Por tanto é em Gênesis que conhecemos a luz, que é Cristo e automaticamente ocorre uma separação das trevas, do que edifica e não edifica. É somente através do novo nascimento que nossa história tem origem no Reino de Deus, é nesse momento que saímos do temporal para o eterno: Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que não se veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas (2 Co. 4:18). Em Gênesis, também encontramos um Deus que após revelar-se ao homem, também se relaciona com ele tornando-se seu amigo e passa a ter intimidade e comunhão com o homem (Tg. 2:23; 2 Cr. 20:7 e Is. 41:8). Após se revelar e se relacionar com o homem, encontramos um Deus que faz promessas e alianças (Gn. 15:4-7; 17:2). Temos também um Deus que prova o nosso amor para com Ele, provando o Pai da fé, Abraão, com seu filho Isac para reafirmar a promessa (Gn. 22:2,16,17 e 18). Temos um Deus que nos apresenta Patriarcas (Gn. 15:5; 17:1-5 e Ex. 3:6). E temos também a história de um sonhador, José (Gn. 37:5,9 e 19). Por tanto, em Gênesis, temos os seguintes lugares no Reino de Deus: 1. Lugar da origem espiritual, do novo nascimento em Cristo, da posição de nova criatura; onde descobrimos que somos caídos, pecadores e necessitamos de Cristo; 2). Lugar de relacionamento com Cristo, onde desfrutamos do jardim de Deus, o primeiro amor; 3). Lugar de promessas Patriarcais (gerar filhos espirituais); 4). Lugar de provas de amor, de entregar o seu Isac; 5). Lugar de reafirmar promessas de um chamado e um Ministério; 6). Lugar de sonhos com a promessa, o chamado e o ministério.
No segundo livro de Êxodo, que no grego significa: partida, caminho, emigração de um povo inteiro”, tem como principal enredo a vida de Moisés, a saída do povo de Israel do Egito com seus acontecimentos extraordinários e sua peregrinação pelo deserto. Aqui encontramos o Deus que te fez uma promessa em Gênesis de um chamado e agora Ele reaparece em Êxodo com esse chamado para segui-lo (Ex. 3:10; 6:8 e Mt. 19:21,2-30). Em Êxodo temos Deus manifestando seus prodígios e sinais (Ex. 3:20). Quando entramos na vida do Reino de Deus por meio de Cristo, seguimos um caminho que conduz a salvação: porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Mt. 7:14); e esse caminho, se acertado, nos leva há uma porta, que é Cristo, no Reino do Espírito, por onde entramos pela fé, e saímos no seu Reino, espiritual e eterno, e achamos pastagens, ou seja, achamos a terra que mana leite e mel (Jo. 10:9). Esse caminho também nos levará a plena estatura de Cristo e nessa caminhada existem sinais que seguem aos que creem (Mc. 16:16-18). Em Êxodo temos Cristo indo adiante para nos guiar pelo caminho: O Senhor ia adiante deles (Is. 45:2,3), durante o dia (Cristo veio e morreu por nós), numa coluna de nuvem (resplendor da glória de Deus, o batismo na nuvem, 1 Co. 10:2), para guiar pelo caminho (Cristo é o caminho que conduz a salvação); durante a noite (Cristo foi para o Pai e nos deixou um Consolador), numa coluna de fogo (Espírito Santo), para alumiá-los (o Espírito que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo, é Ele quem alumia na noite; Jo. 16:7-11), afim de que caminhassem de dia e de noite (afim de que fossemos a semelhantes a Cristo e cheios do Espírito Santo); Ex. 13:21 e 22. Em Êxodo temos o batismo nas águas (Ex. 14:15,16; 1 Co. 10:2). Em Êxodo aprendemos a ouvir a voz de Deus com ouvidos espirituais: E disse: Se ouvires atento à voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti (Ex. 15:26 e 19:5,6). É em Êxodo que o Espírito nos guia ao deserto, pois deserto é lugar de dependência total de Deus, lugar de tentações (Mt. 4:1; Hb.2:18 e 4:15), de aceitar o que Ele tem sem murmuração, porque a murmuração aumenta nossa estadia do deserto. É no deserto que aprendemos sobre redenção e remissão dos pecados, onde aprendemos o caminho do Santuário no Tabernáculo, é no deserto que aprendemos a louvar a Deus, não a adorá-lo. Por tanto, Em Êxodo temos os seguintes lugares no Reino de Deus: 1). Lugar de ser chamado a seguir a Cristo e de ser guiado por Ele ao caminho que conduz para a salvação, onde encontramos pastagens; 2). Lugar onde os sinais seguem os que creem; 3). Lugar de batismo nas nuvens (graça protetora de Deus, para não nos fazer desistir com o sol forte da jornada ao deserto); 4). Lugar de batismo nas águas (arrependimento de pecados); 5). Lugar de batismo no Espírito Santo, de falar novas línguas; 6). Lugar de transição, de mudanças do governo da alma e da carne para o governo do Espírito, onde somos convencidos do pecado, da justiça e do juízo; 7). Lugar de ir ao deserto, onde aprendemos a ouvir a voz de Deus e somos tentados; 8). Lugar de redenção pelo sangue do cordeiro que nos leva ao caminho do Santuário; 9). Lugar de louvor a Deus por suas obras.
No terceiro livro de Levíticos, que no hebraico significa: “e ele chamou” e em grego: “pertinente aos levitas”, temos o trajeto entre o chamado de Deus e o ser escolhido por Ele. Nesse trajeto existem provas que precisamos passar para sermos aprovados mais à frente. A abordagem principal do livro é a santidade e a expiação (Lv. 14:18-20; 17:11 e Hb. 9:22), seu enredo fala sobre a lei divina e a herança de Levi e o personagem central é o Sumo Sacerdote, que mostra um Deus santo falando com o pecador através do sangue da aspersão (somente os lavados e remidos pelo sangue de Cristo voam em campo aberto, ou seja, na vida do Espírito; Lv. 14:6,7). Levíticos foi escrito para um povo redimido a fim de instruí-lo como aproximar-se de Deus e como adorá-Lo. Levítico é, por excelência, o livro da adoração, em Êxodo aprendemos a louvar e em Levíticos a adorar. A palavra, santo, aparece 87 vezes no livro e a expiação aparece em torno de 45 vezes. Em Levítico temos um Deus colocando em ordem o altar: E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e porão em ordem a lenha sobre o fogo (Lv. 1:7; 24:1-4); O fogo arderá continuamente sobre o altar e não se apagará (Lv. 6:12,13). Em Levíticos temos varias vezes Cristo mencionado como expiação pelos nossos pecados (Lv. 6:6,7). Em Levíticos, temos um Deus que ordena a santidade: Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv. 20:7; 19:30; 26:2). Temos também um Deus zeloso, que não aceita fogo estranho e que requer a verdadeira adoração: Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se chegam a mim e serei glorificado diante de todo o povo (Lv. 10:1-3). Temos também um Deus que não aceita vinho, bebida forte e nem comida com fermento, pois os sacerdotes tinham que fazer diferença entre o santo e o profano; Lv. 10:9,10,12, (sensualidades, vinho e mosto, Os. 4:6-11). Por tanto no livro de Levíticos temos os seguintes lugares no Reino de Deus: 1). Lugar onde o seu chamado é testado; 2). Lugar de colocar em ordem o altar e manter acesso o fogo continuamente; 3). Lugar de entrar no Santo dos Santos, de ter livre acesso ao Pai pelo sangue de Cristo, de ser santo como Ele é santo; 4).Lugar de rejeitar sempre a sensualidade o vinho e o mosto que tiram o entendimento do Espírito; 5). Lugar de se chegar a Deus com a verdadeira adoração.
Em Números, o quarto livro do Pentateuco, que em hebraico significa: “Bəmidbar, ou seja, no deserto”, data um tempo de 38 anos de deserto. Houve dois censos, o primeiro quando Israel chegou ao Sinai e o segundo após os quarenta anos no deserto. Em Êxodo temos Deus chamando o homem a segui-lo, em Levíticos temos o homem chamado passando por testes e em Números temos Deus escolhendo o homem que foi aprovado a exercer o seu Ministério e entrar na terra prometida: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a apalavra da verdade (2 Tm. 2:15). Temos também os chamados que foram reprovados, que não passaram no teste: Não entrareis na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num (Nm. 14:30-32). Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos (Mt. 22:14), lembre-se, Deus não escolhe os melhores, Ele procura verdadeiros adoradores (Jo. 4:23,24). Em Números encontramos a guerra espiritual dos crentes na qual estão engajados e lá há rebelião (Nm. 16:1-33), há motins movidos por ciúmes dentro da própria Tribo, há irmãos aliançados se rebelando um contra o outro (Nm. 12:1-10; 14:1-12). Números é o livro do serviço, da sujeição aos líderes das Tribos (que eram os príncipes) e de caminhar unidos no deserto (Nm. 2:1,2,34). O livro de Números preenche a lacuna entre os israelitas recebendo a Lei (Êxodo e Levítico) e a sua preparação para entrar na Terra Prometida (Deuteronômios e Josué). Em Números encontramos o ofício dos Levitas (separados para o Ministério), que era o de cuidar do Tabernáculo do Testemunho com todos os seus utensílios (Nm. 1:47-51). Números indica o tempo que você passa no deserto, que pode ser tempo demais, a ponto de fazê-lo agir movido por ira (Nm. 20:2-12). Em Números temos um Deus que se revela severo e bondoso, que tanto aprova como corta os que não vão entrar na terra prometida (Rm. 11:21,22; Hb. 3:7-11; Nm. 20:1,28,29; 27:12-17). Números indica tempo novo para os escolhidos que foram aprovados (Nm. 27:18-20). Por tanto em Números temos os seguintes lugares no reino de Deus: 1). Lugar de sair da posição de chamados para escolhidos, de ser aprovados para o Ministério (muitos reprovam); 2). Lugar de serviço, de sujeição aos líderes da Tribo, de andar em unidade; 3). Lugar de guerra espiritual dentro da Tribo, de levantes, rebeliões e ciúmes; 4). Lugar de cuidar do Tabernáculo, de exercer o serviço com submissão, amor e zelo na casa de Deus; 5). Lugar de andar em santidade; 6). Lugar de grandes provações, onde Deus se mostra bondoso e severo; 7). Lugar de tempo novo para os escolhidos, de passar para lugares mais altos no Espírito, de mergulhar em águas mais profundas. E por fim temos o quinto livro de Deuteronômios, que no grego significa: “segunda lei”. O enredo deste livro é para relembrar e trazer a memoria tudo que foi vivido no deserto para uma nova geração de israelitas que estavam prestes a entrar na Terra Prometida. Esta nova geração não havia experimentado dos milagres no Mar Vermelho ou escutado a Lei sendo dada no Sinai, e eles estavam prestes a entrar numa nova terra com muitos perigos e tentações. O livro de Deuteronômio foi dado para recorda-los de todo o caminho percorrido, por onde Deus os guiou pelo deserto, onde os testou, os provou, avaliou os corações (Dt. 8:2,3) e para lembra-los da Lei de Deus e do Seu poder: Quero trazer a memória aquilo que me pode dar esperança, porque bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca (Lm. 3:21,24). Em Deuteronômios temos Moisés exortando o povo à obediência, a permanecer fiel, a guardar e cumprir as leis de Deus na terra que passariam a possuir para ter seus dias prolongados nela (Dt. 4:5,40 e 6:3), a ter o pensamento cativo à obediência de Cristo (2 Co. 10:4-6). Temos o amor a Deus sendo enfatizado como um fruto a ser gerado e comido por outros: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração… inculcaras aos teus filhos e delas falarás em todos os lugares, ataras por sinal na mão e na fronte. E as escreverás nos umbrais da tua casa e nas tuas portas (portas da alma), Dt. 6:5-11. Em Deuteronômio, temos benção e maldições decorrentes da obediência ou desobediência (Dt. 7:12-15). Deuteronômios, nos mostra toda a trajetória que percorremos até chegar a obreiros aprovados e nesse momento Ele nos faz lembrar de onde viemos e quem somos para que a soberba não entre no coração (Dt. 10:16,17 e 30:17-20). Temos Moisés mostrando os benefícios da obediência e da desobediência à Lei de Deus (Dt. 28). Temos Moisés passando seu cajado a Josué. E por fim, temos Moisés fortalecido no Senhor, pois combateu um bom combate, completou sua carreira e guardou sua fé (Dt. 31:3). Por tanto Deuteronômio temos os seguintes lugares no Reino de Deus: 1). Lugar de trazer a memória o que traz esperança; 2). Lugar de levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo; 3). Lugar de punir toda desobediência por meio da submissão; 4). Lugar de amar a Deus
obre todas as coisas; 5). Lugar de ser obreiro aprovado que vence a soberba; 6). Lugar onde, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim;” 7). Lugar de exercer o ministério com autoridade (o cajado na mão); 8). Lugar de guardar a fé.
obre todas as coisas; 5). Lugar de ser obreiro aprovado que vence a soberba; 6). Lugar onde, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim;” 7). Lugar de exercer o ministério com autoridade (o cajado na mão); 8). Lugar de guardar a fé.
Prossigamos caminhando para o alvo, que é Cristo! Espero que localize o seu lugar no Reino de Deus por meio do Pentateuco, que se apaixone por esses cinco livros e medite neles dia e noite, sendo forte e corajoso, que almeje crescer em Cristo, que não seja mais você quem viva, mas Cristo viva em ti. Desejo que sejas guiado por Cristo no caminho que conduz a salvação, que se mantenha firme no Senhor em todo tempo, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, hora após hora (Judas:20). Amém.