O que é ser chamado? Quem são os chamados? O que a Bíblia fala sobre ser chamado? Por que Jesus disse: “muitos são chamados, mas poucos escolhidos (Mateus, 22:14)?”. Paulo escreveu: Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos ‘escolheu’ desde o princípio para a salvação (para um propósito), pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos ‘chamou’ mediante o evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo ‘para um propósito’ (2 Tessalonicenses, 2:13-14); e Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele (para um propósito); e em amor nos predestinou (nos deu um destino) para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Efésios, 1:4-5). Nesses dois versículos temos: os escolhidos desde o princípio (antes da fundação do mundo) e os chamados mediante o Evangelho.
Para entendermos melhor o que é ser chamado, vamos a origem dessa palavra, que vem do grego Kaleo e significa “a voz, o chamado, convidado, aquele que é vocacionado”. Essa tradução se aplica também a vocação, aquilo que você tem aptidão para fazer. No Latim, essa mesma palavra significa Clamare, o ato de “proferir em alta voz, gritar, chamar por”. Então, quando Jesus disse: muitos são chamados, Ele estava dizendo que muitos são os convidados, que também são vocacionados, com aptidão, para ser vozes ou porta vozes de um propósito (Deus nunca fará algo sem que haja um propósito); e poucos são os escolhidos, que de acordo com 2 Tessalonicenses e Efésios, são os escolhidos para a salvação, separados e santificados. De acordo com esse entendimento, podemos questionar: “muitos são convidados para serem porta vozes, mas poucos são os escolhidos para serem salvos?” Como é isso? Quer dizer então que Deus não escolheu todos para a salvação? Calma, vamos compreender melhor. Deus convidou todos para a salvação sim, no entanto ou infelizmente, apenas alguns aceitaram, de livre e espontânea vontade, a esse convite respondendo ao chamado para serem selados pelo Espírito Santo. O fato é que Deus não escolheu apenas alguns, pelo contrário, Ele amou o mundo de tal maneira que deu o Filho unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna! (João, 3:16). Mas não são todos que aceitam o que Cristo fez.
Chamados são todos aqueles que recebem, por meio da pregação do Evangelho, o convite de se tornarem “vozes que clamam por um propósito” (veremos isso no outro estudo sobre o propósito de Deus). E os escolhidos são todos aqueles que foram chamados e deram uma resposta positiva a ele, mediante o selo do Espírito Santo, tornando-se assim, vozes quem clamam; mas não de qualquer maneira, e sim, com santificação, irrepreensíveis e em amor. Veja o que Deus disse a Abraão quando o chamou: anda na minha presença e sê perfeito! (Gênesis, 17:1). Até aqui, entendemos que ser chamado é ser convidado para ser porta voz de um propósito, um proclamador. Mas proclamar o que? Vejamos o que diz Isaías, 61:1-4: O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória. Após lermos este versículo, fica fácil entendermos qual proclamação os chamados que respondem ao convide de Deus, devem fazer.
Note que o profeta Isaías diz: Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Sendo assim, o primeiro passo para chegarmos ao nosso destino final, é o de sermos chamados, o segundo passo é o de aceitarmos a esse chamado, dando uma resposta positiva a ele. No entanto, isso não faz de nós os escolhidos, por isso o terceiro passo é tão importante, que é o de sermos selados pelo Espírito Santo, que é diferente de ser batizado ou ungido. No selo, recebemos o penhor da salvação (Efésios, 1:13). O quarto passo, é o de sermos ungidos por Ele, para podermos proclamar com autoridade acerca do Evangelho. A palavra “ungiu”, descrita no versículo acima, significa receber autoridade e na Bíblia, simbolizava que tal pessoa era “escolhida por Deus”. O ato de ungir era uma prática comum que acontecia com os reis do Antigo Testamento em Israel, assim como aconteceu a Davi, que foi ungido pelo profeta Samuel para ser rei de Israel: Então o Senhor Deus ordenou a Samuel: “Até quando continuarás pranteando Saul, quando Eu próprio o rejeitei, para que não reine mais sobre Israel? Enche, pois, um chifre do melhor azeite e vai! Eis que te envio à casa de Jessé, de Belém, porque escolhi um de seus filhos para torná-lo rei!” (1 Samuel, 16:1). O latim “Christu”, derivado do grego “Khristós”, curiosamente significa “ungido”, ou seja, aquele que recebeu a cerimônia sagrada.
Podemos dizer então que chamado é todo aquele que é convidado, por meio da pregação do Evangelho, a ser um porta voz, um pregador das Boas Novas do Evangelho de Cristo, sendo selado pelo Espírito Santo, que nos santifica e nos separa com o penhor da salvação e isso nos torna diferentes dos demais, não porque somos melhores, mas porque fomos selados para a salvação. Significa também que o nosso coração é quebrantado, moldável e revestido de autoridade. Somente aqui, com o selo do Espírito Santo, é que a pessoa chamada se torna um escolhido (Efésios, 4:30). Mas tudo isso pode ocorrer em um único momento, onde você ouve a Palavra de Deus, ouve falar de Jesus e aquela palavra toca fundo em seu coração, isto é, Jesus batendo a porta, e você aceita aquela verdade e confessa a Cristo (Romanos, 10:9) e logo recebe o selo, o penhor do Espírito.
Ser escolhido é ser revestido do novo homem por meio do Espírito Santo: Mas vós não aprendestes assim a Cristo, Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente; E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade (Efésios, 4:20-24). Isso significa que há muitos chamados, sendo porta vozes das Boas Novas sem nenhum compromisso com a verdade ou autoridade, apenas técnicas vazias, ou seja, não são separados, mas vivem vestidos do velho homem que se corrompe segundo as suas próprias paixões. A esses chamados, que não foram escolhidos, ou seja, que não se separaram e santificaram, por optarem viver no engano de suas paixões, Cristo dirá: Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna (Mateus, 25:41-46). Também não adianta nada dizer Senhor, Senhor, e não praticar as verdades de Cristo (Lucas, 6:46-49).
Então, quando Jesus disse: muitos são chamados e poucos escolhidos, Ele estava falado que muitos são convidados para as bodas do Filho, por meio da pregação do Evangelho, a ser um seguidor de Cristo, a tornar-se a voz que clama, a ser um proclamador das Boas Novas, mas poucos são os escolhidos que aceitam o convite para participar do casamento (Marcos, 22:1-14). Há muitos chamados anunciando as Boas Novas sem santificação, sem qual ninguém verá a Deus, sem o selo, o penhor do Espírito. Vejam o que João Batista falou a respeito dele, quando questionado sobre quem era: Então, perguntaram a ele: “Quem és tu? Dá-nos uma resposta, para que a levemos àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo?” E João lhes disse: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Fazei um caminho reto para o Senhor’, como disse o profeta Isaías” (João, 1:22-23). João sabia para o que ele havia sido chamado, ele sabia qual era o seu propósito, a sua vocação era gritar em alta voz naquele deserto espiritual que Israel havia se tornado, anunciando que o Reino de Deus estava próximo. Quando João Batista estava preso, mandou seus discípulos perguntarem a Jesus, se Ele era realmente o Messias e veja que Jesus fez como João Batista: diga a ele que eu sou o ungido que Isaías profetizou (Mateus, 11: 2-6).
Um dia, Jesus estava passando junto ao mar da Galileia e viu dois irmãos, Simão (Pedro) e André e disse: Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens (Mateus, 4:19). Em outro momento, Jesus passava próximo a coletoria e ali, viu um homem, um publicano cobrador de impostos, odiado pelos judeus e disse-lhe: Segue-me e ele levantou-se e o seguiu (Mateus, 9:9). Jesus está te fazendo um convite hoje, Ele está batendo na porta do seu coração e está dizendo: venha como estás e segue-me! Ele te chama para seres a voz que clama, com autoridade, revestido do novo homem que vive em santificação e que é irrepreensível, sem mancha e mácula, sendo aquele que Ele escolheu para estar com Ele no último dia. E a você, que já foi chamado um dia e conheceu a Palavra da verdade, mas hoje encontra-se afastado dos caminhos do Senhor, saiba que Ele ainda o espera, volte correndo para os braços do Pai e permaneça fiel até a morte e receberás a coroa da vida (Apocalipse, 17:14 e 2:10). Não basta ser chamado e escolhido, temos que permanecer fiel!
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