Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. 
(João, 7:38).
 
Quando Jeremias foi chamado pelo Senhor para exortar o povo de Israel e os reis de Judá, encontramos no seu livro, no capítulo 2, dos versos 11 ao 14, a seguinte mensagem de Deus: Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, ainda que não fossem deuses? Todavia o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas. Acaso é Israel um servo? É ele um escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa? Nessa passagem, vemos Deus mostrando ao povo de Israel que além de terem deixado a Ele, o manancial de águas vivas, o trocaram por cisternas rotas. Como isso é forte para a nossa geração! Em meio a pandemia do coronavírus, que o mundo está enfrentando, esse versículo cria vida novamente diante dos nossos olhos. Cisternas rotas significam lugares cavados pelo próprio homem, ou seja, com suas próprias forças, onde é necessário que a água seja colocada, quer pela chuva ou por suas mãos. Na época do profeta Jeremias, não havia água encanada e o povo dependia de mananciais, mas encontrá-los estava difícil, com isso, eles passaram a usar cisternas e o comodismo não permitia que eles saíssem daquela condição.
 
Temos muitos exemplos na Bíblia de pessoas que iam aos poços buscar água, como no caso da mulher samaritana junto ao poço de Jacó (João, 4:5-14). Contudo, Deus escolheu aquela situação para ilustrar o que estava ocorrendo com a vida espiritual de Israel e curiosamente, serve para o que está acontecendo hoje, não apenas na nação brasileira, mas no mundo todo! A Bíblia relata que após chegar em Samaria, Jesus parou em uma cidade chamada Sicar, nome dado em virtude do poço profundo que Jacó havia construído em uma rocha sólida, símbolo de grande tradição para aquele povo. E foi naquele lugar, que Ele iniciou um diálogo que mudaria todo o nosso conceito de adoração e intimidade.
 
Os judeus evitavam muito os samaritanos por causa de suas crenças divergentes, mas curiosamente, Jesus, sendo um judeu, escolheu justamente aquela cidade para falar de adoração com uma mulher samaritana e, além de tudo, encontrou-se sozinho com ela, o que não era costume na época. Mostrando com isso, que Ele não estava nem um pouco preocupado com a desavença entre os povos em questão, mas sim, com a alma de uma mulher! Ao se aproximar, a primeira coisa que Jesus disse a ela foi: dá-me de beber. Mas devido a desavença entre os dois povos, a samaritana logo se assustou, dizendo: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? Podemos ver na reação daquela mulher (que a Bíblia não revela o nome), que o seu conceito de tradição religiosa era muito forte. Contudo, Jesus olhou além… e tudo o que Ele viu foi uma alma sedenta. Replicou-lhe então Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (João, 4:10). Note aqui, Jesus falou abertamente com àquela mulher, sem usar de parábolas, porque Ele sabia da sede pela verdade que havia naquele coração!


Jesus estava referindo-se a Ele mesmo! No entanto, aquela mulher não entendeu o que Ele estava falando. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido (1 Coríntios, 2:14-15). Ao ouvir informações espirituais, a tendência da mente humana é de processá-la de forma natural. Assim como aquela mulher, que só enxergava o poço de Jacó e nada mais. Jesus, no entanto, estava mostrando-lhe que aquela água — natural — do poço de Jacó, não saciaria a sua sede espiritual, informando que ela beberia, mas logo voltaria a ter sede. Porém, a água que Ele estava oferecendo era — espiritual — para a vida eterna. Na verdade, Jesus estava fazendo uma analogia com aquela mulher, porque a Sua intenção não era enfatizar a água natural do poço de Jacó, mas sim, a água viva que toda alma necessita e somente Ele pode dá.
 
A analogia que Jesus usou, dizia em tese: “quero que você me entenda, porque essa água natural se compara a árvore do conhecimento do bem e do mal, que não tem poder de saciar a sede da alma”. Sendo assim, Jesus estava ensinando que tudo aquilo que derivava do sistema natural, jamais teria força em si ou preenchimento para suprir a necessidade real da nossa alma, dotada de mente, vontades e emoções. Aquela água natural, do poço de Jacó, representa tudo aquilo que almejamos como conquista natural aqui no mundo. Não que isso seja errado, a questão é que esses desejos nunca serão saciados com esse poço, porque a nossa tendência é de sempre querermos mais e mais, como se estivéssemos em um “ciclo vicioso”. O sistema mundo funciona como um mecanismo de busca constante, onde existem vários recursos disponíveis para usarmos, a fim de saciar a nossa sede momentânea. Entramos nele todos os dias e sempre precisamos de algo novo para continuar a saciar a sede de nossa alma. E aquela mulher tinha a mente cativa, voltada apenas para o poço de Jacó e Jesus estava revelando a ela que aquela água, era temporária e não a saciaria nunca!
 
Certa vez, Jesus foi questionado por uma pessoa no meio da multidão, que dizia: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus (Lucas, 12:13-21). Jesus estava ensinando aquele homem da multidão, que as coisas terrenas e naturais, jamais saciarão a alma humana, que hoje existe, mas amanhã pode ser ceifada da terra.
 
Quando a mulher, naquele poço, ouviu as palavras de Jesus, ela não entendeu o que Ele estava dizendo, chegando até a zombar de suas palavras: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim, seus filhos, e seu gado? (João, 4:11-13). Podemos notar que ela estava habituada ao sistema mundo e o novo que Jesus lhe oferecia, era estranho para o seu conhecimento limitado. Com este estudo, podemos notar como as pessoas se encontram, preocupadas em saciar a sua sede com as coisas naturais, perdeu-se o significado de intimidade com Deus, de família e tudo gira em torno do próprio ventre.
 
Em época de pandemia, do coronavírus, ficar em casa tornou-se um fardo, entrar no quarto e cumprir o que está escrito em Mateus 6:6 é algo que as pessoas desconhecem. A necessidade de alimentar a alma (mente humana) com o que é passageiro, ou seja, com a água do poço de Jacó é o que as faz buscar as formas mais bizarras de preenchimento. Vejo meus vizinhos gritando em suas janelas: “quero sair, não aguento mais ficar em casa!” Vejo com isso, nitidamente, a necessidade delas pelo poço de Jacó. As pessoas trocaram o manancial de águas vidas, que é Cristo e a sua intimidade, por cisternas rotas, por momentos passageiros e cheios de futilidades. Fizeram o que Jeremias profetizou lá atrás ao povo de Israel, antes de serem exilados à Babilônia. Essa pandemia do coronavírus, veio apenas para nos mostrar quão fútil está a humanidade que se sacia apenas com Netflix, Instagram, Facebook entre outros. Não que seja errado utilizar as redes sociais, o erro está em preferir as cisternas rotas do que o manancial de água viva, em escolher o aquário no lugar do oceano. É preciso voltar a essência, olhar para dentro, de onde flui os rios de água viva e alegra-se com a oportunidade de entrar no quarto e de ter intimidade com o Criador, o único que pode saciar a nossa sede eterna. Mas infelizmente, em época de pandemia, muitos escolhem as cisternas rotas, porque o comodismo é grande! Aproveite esse momento para buscar a fonte da água viva que é Cristo, desfrute de Sua Palavra que é viva e eficaz. Sei que não é fácil, mas podemos escolher sair do comodismo, entrar no quarto, mergulhar em Deus e ter as viagens mais intensas que o dinheiro ou “liberdade” alguma, jamais proporcionariam! Escolha sempre o Senhor. Deus abençoe sua vida.
   
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