Intimidade é uma palavra que tem origem no latim INTIMUS e significa interior, o que é de dentro, ou seja, a verdadeira intimidade em um relacionamento vem de dentro e não por algo aparente. Alguns podem ler essa palavra e ter outro entendimento, porque intimidade dá outras conotações também, tal como relacionamento humano entre duas pessoas de sexo oposto, mas, da também, a informação de relacionamento entre Pai e filho, e é dessa intimidade que vamos tratar aqui. Quando tentamos nos relacionar com Deus, a partir de esforços físicos, movidos pela carne e pela alma, esse laço que deveria nos religar a Deus, se rompe, e tornar-se uma religião, que frustra e mata. Mas, quando nos relacionamos com Deus a partir do nosso espírito, esse laço torna-se eterno entre Pai e filho, e traz vida em abundancia. Para entendermos melhor  sobre esse relacionamento, que a intimidade produz, é importante lermos uma história na Palavra de Deus, que nos mostra claramente o que a falta de intimidade causa e aonde a intimidade nos leva em Deus. Certa vez, o rei Davi com todo o Israel subiu a Baalá de Quiriate-Jearim, que está em Judá, para fazer subir dali à arca de Deus (a presença da Glória). E levaram a Arca de Deus, da casa de Abinadabe, sobre um carro novo; Uzá e Aiô guiavam o carro. Davi e todo o Israel, alegraram-se perante Deus com todas as suas forças; com cânticos, e com harpas, e com saltérios, e com tamborins, e com címbalos, e com trombetas. E, chegando à eira de Quidom, estendeu Uzá a sua mão (obras próprias), para segurar a arca, porque os bois tropeçaram. Então se acendeu a ira do Senhor contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a sua mão à arca; e morreu ali perante Deus. E Davi se encheu de tristeza porque o Senhor havia aberto brecha em Uzá. E aquele dia temeu Davi a Deus, dizendo: Como trarei a mim a arca de Deus? (1 Crônicas 13:6-12).
Davi não estava levando qualquer coisa, se tratava da presença da glória de Deus, que ele levava de uma região à outra, de Quiriate-Jearim, uma cidade hevéia associada com os gibeonitas, também conhecida como Baale-Judá e Quiriate-Baal a cidade do deus Baal, para a cidade de Davi, que é a mesma Belém onde Jesus nasceu. Estamos falando aqui de duas regiões completamente diferentes, com crenças e deuses diferentes, de povos que guerreavam entre si pelo domínio e o governo das terras. O mais interessante é que tudo isso representa, hoje, tem um significado no mundo espiritual, onde muitos tentam sair da região da carne e da alma para a região do Espírito. Muitas vezes, ao nos vermos em um lugar de derrotas, tentamos mais do que depressa ir para um lugar seguro e de vitórias em Deus, o que não é errado, o problema é que muitos tentam fazer isso de qualquer jeito, sem buscar intimidade com Deus, agindo na força do braço como fez Uzá e acabam morrendo por causa da religião, que nos ensina a agir na força do braço, usando da carne e da alma para isso. A presença da glória de Deus não acompanha quem é religioso e sim quem tem intimidade com Deus, é diferente! Este estudo nos mostra que existe algo entre essas duas regiões, que deve ser ajustado, do contrário, a presença da glória não chegará à Belém, ou seja, não alcançará o coração do homem, que é sempre cheio de muitos planos (Pv. 16:1). Para entendermos melhor o que a falta de intimidade causa na vida daqueles que buscam a religião e não a Cristo, vamos analisar o que aconteceu quando eles chegaram com a Arca de Deus na eira de Quidom, (2 Samuel 6:6 ), onde Uzá foi golpeado por Jeová ao tocar a Arca do Testemunho de forma imprópria (usando da força do braço). Foi nessa eira que o rei Davi temeu a Deus e se deu conta de que não poderia levar a Arca do Senhor de qualquer maneira. Davi viu que havia cometido um erro porque temia a Deus, mas o problema da nossa geração é que estamos cheios de Uzá e não de Davis.
A eira é um local de terra batida, que significa pedaço de terra,’ do latim ‘área’, é um terreno cimentado ou lajeado, próprio para debulhar, trilhar, secar, limpar cereais, separando a palha de outros detritos (lixo), área também, em que se acumula sal ao lado das marinhas. Ora, a Palavra do Senhor nos diz que nós somos o sal da terra (Mateus, 5:13). E na eira encontramos também uma das mais belas histórias da Bíblia, a história de Rute. Certa vez, disse Noemi a Rute: “Lava-te (das impurezas da carne e da alma), e unge-te (unta, cobre-te com o governo do Espírito e se despoje do velho homem), e veste os teus vestidos (vestes de louvor, de linho fino e resplandecente, que ofuscam os olhos do inimigo e alegram o coração do Pai), e desce à eira (sai do seu governo e vai ao lugar de intimidade, onde você deixará de viver e Cristo passará a viver em você)”. Quando Rute esteve aos pés de Boaz (resgatador), para que este estende-se a sua capa sobre ela (autoridade, proteção), representando Cristo e a igreja, ela desceu para encontrar-se com ele na eira, Rute se despojou de qualquer orgulho e se humilhou em secreto diante daquele que poderia salvá-la, em um lugar onde os homens haviam trabalhado o dia inteiro. Logo, a eira é um lugar de relacionamento íntimo, lugar de separar a palha do feno, porque é na intimidade que descobrimos se a palha, na verdade, é feno e se o sal, na verdade, é insipido. Como estamos falando aqui do mundo espiritual, a eira é um lugar no espírito onde descobrimos quem somos, onde levantamos altares, é a transição entre a alma e o espírito. Como poderemos sair de Baal (lugar de deuses estranhos) para Belém (cidade de Davi, lugar do único Deus) sem que haja intimidade? Sem que haja relacionamento? Como poderemos, simplesmente, pegar a presença da glória e leva-la de qualquer jeito para o nosso espírito? Impossível! Acredite, a nossa alma é capaz de enfeitar toda uma situação que parece ser de Deus, mas não é. O engano pode dançar ao som de saltérios e músicas, sem nunca ter tido intimidade com Deus. Costumo dizer que a nossa alma é perfeita em produzir efeitos especais, mas ela jamais será capaz de tocar na presença da glória sem o governo do Espírito!
Aquela eira de Quidom, onde Uzá morreu, ficava próximo à casa de um homem chamado Obede-Edom, que significa servo (1Cr. 13:6-14). Após esse incidente, o lugar passou a ser chamado de Peres-Uzá, que significa “ruptura contra Uzá”. O lugar que era para ser de intimidade e comunhão, foi rompido pela mão do homem, herança de Adão, mas o nosso Resgatador Jesus, veio para nos levar desse lugar de ruptura, para um lugar de intimidade e comunhão com Ele, de um lugar onde amamos as coisas mais do que a glória de Deus, para um lugar onde amamos a presença de Deus. Antes da Arca da Aliança ser levada à casa de Obede-Edom, ela ficou na casa de Abinadabe e o mais interessante é que ela ficou lá, provavelmente, por mais de 60 anos, porque ela foi levada  antes de Saul ser consagrado rei de Israel, que reinou por 40 anos, e só no reinado de Davi é que ela foi tirada de lá (1 Samuel, 7:1-2, Atos 13:21). Em comparação ao tempo, a  Arca da Aliança ficou apenas três meses na casa de Obede-Edom e mais de 60 anos na casa de Abinadabe, porém, se analisarmos a história de ambos, veremos que, no caso de Obede-Edom, havia verdadeiro amor pela presença da glória e, por causa disso, o Senhor Deus abençoou a sua casa e tudo o que ele tinha prosperou. Mas, por que razão não vemos o mesmo relato na vida de Abinadabe ou de seu filho Eleazar? O fato é que eles se acostumaram com a presença da Arca e deixaram de buscar a glória de Deus. Cuidado! Há muitas pessoas se acostumando com o Templo mais do que com a presença de Deus em suas vidas. Imagine só, aquele homem recebeu por três meses o que em uma vida inteira jamais tinha recebido. O mais interessante aqui, está no fato de que Obede-Edom sabia que o mais importante era a presença da glória e não o que ela poderia lhe proporcionar. Passados três meses, o rei Davi mandou buscar a Arca do Senhor, porque este havia preparado um lugar onde a Arca poderia ficar (quem edifica o lugar somos nós, Mt. 6:6). Davi buscou os recursos certos, que vem do Espírito, para trazer à presença da glória, por meio da intimidade e da adoração a Deus. E Obede-Edom, quando viu que a Arca estava sendo levada de sua casa, não pensou duas vezes em deixar toda a sua vida para trás para segui-la, porque ele sabia que o mais importante não eram as conquistas decorrentes da presença da Arca da Aliança em sua casa e sim a presença da glória. Vemos na história que Obede-Edom não apenas acompanhou a Arca até a cidade de Davi, mas ficou o resto de sua vida ministrando diante dela, celebrando, louvando e exaltando ao Senhor Deus (1 Cr 16:4-6). Tudo o que Obede-Edom mais queria, era a presença da glória, o resto não importava mais, aquele homem sabia o que era ter intimidade com Deus.
Se analisarmos mais adiante na história, veremos que Davi comprou a eira de Ornã para sacrificar ao Senhor, porque havia um anjo com a espada desembainhada para o povo de Israel. O mais interessante de tudo isso é que Davi pagou 600 siclos de ouro na eira de Ornã, que viria a ser o local do Templo de Salomão e Cristo, a raiz de Davi, foi vendido por 30 moedas de prata nesse mesmo Templo, e em três dias, Cristo derrubou aquele templo de pedras e o reconstruiu no nosso espírito. O engraçado é que 6 representa o número do homem e 3, o número da perfeição; o homem pode até tentar, mas somente em Cristo obtemos vida eterna (1 Cr 21:18-25 e 22:1), Jesus é o caminho que nos conduz ao Pai, Ele é o nosso elo de intimidade com Deus. Aprendemos aqui que a eira é um lugar de intimidade, de relacionamento e não de usar a força do braço, lugar de separar o joio do trigo, de cultivar o sal para não sermos insípidos, local onde o nosso rosto brilha por causa da presença do Senhor. Somente por meio da intimidade, poderemos levar a presença da glória para onde quer que formos. Deseje a intimidade mais do que tudo, deseje ouvir a voz d’Ele, chame-O de amigo íntimo, chame-o de Aba Pai, Paizinho, grite que Ele é o amor da sua vida, atreva-se a dizer: “Se tua presença não for comigo, não subirei a este lugar!” Faça como Obede-Edom, abra mão de tudo e fique na presença d’Ele, leve essa presença através de um rosto brilhante, da doçura no falar e da autoridade na voz. A presença da glória só acompanha quem tem intimidade com Deus e Davi entendeu que deveria edificar um lugar, que deveria levar a presença da glória de forma correta. Querido, valorize mais do que a sua própria vida a presença da glória por meio da intimidade pessoal com o Pai.
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