Quantos aprenderam de forma errada sobre o perdão de Deus! Esta é uma afirmativa que tiro por mim mesma, pois, muitas vezes, após cometer algo de errado, vinha o constrangimento e a culpa pelo pecado cometido e, logo em seguida, pedia perdão de Deus. Aparentemente eu sentia paz, mas só até a próxima oração, quando a minha mente reciclava o lixo, que havia sido jogado fora, por causa de uma mentalidade caída, que não havia sido renovada em Cristo (Rm. 12:2), e que era cheia de sofismas e de religiosidade, movida pelo gigante da justiça própria, da justificativa própria e da consciência própria, que, de tão fortificados que estavam dentro de mim, diziam: “você não pode ficar em paz, tem de sentir culpa pelo que fez”. E eu com aquela mentalidade caída e religiosa, pensava que era o Espírito Santo me incomodando a pedir, novamente, perdão, quando, na verdade, era o engano da minha alma ferida e cheia de emoção, sedenta por sentir algo, por ver, por tocar em algo, mentalidade de quem não nasceu de novo, de quem ainda não entendeu o propósito e não vive pela fé, mas por vista!
A base religiosa que eu tinha, levava-me a pensar que deveria viver uma vida diária de, no mínimo, seis horas de oração, boas obras e sempre muito cheia de jejum para ser suficientemente boa aos olhos de Deus e, dessa forma, poder receber o Seu perdão. Por causa da manifestação desses egoísmos e rebeldias, eu pensava que deveria sentir, literalmente, o peso pela culpa do meu pecado, até me sentir, de fato, perdoada, pois, se eu não sentisse a culpa, eu ficava pedindo perdão toda vez que me lembrava do pecado, como se Deus fosse surdo! Eu quase pegava um chicote e, literalmente, chibatava as minhas costas como um ato de autoflagelo, porque a minha mente era incapaz de aceitar a Graça de Deus, ela tinha de demonstrar a sua obra e piedade, tinha de mostrar que deveria merecer aquilo, como uma boa sacerdotisa da dor e do sofrimento, devota ao engano, mesmo sendo cristã, acredite, existem muitos por aí! Aprendi que ser perdoada era ter um sentimento de perdão (alma, emoção) e não de ter fé e crer que, de fato, fui perdoada independente de sentimento (Espírito, crer de verdade) simplesmente porque Ele, Cristo, já me perdoou, na Cruz do Calvário todos os meus pecados, e nada do que eu fizesse iria mudar essa verdade (Jo.20:22,23; Mt.16:19).
Eu pensava que quanto mais dons eu tivesse, melhor seria, pois, aí sim eu seria verdadeiramente “piedosa” e espiritualmente religiosa e em vez de estar cheia de vida, estava, na verdade, cheia de morte e de engano. Não que buscar os dons, orar e se dedicar a uma vida de santificação seja errado, não é isso que estou escrevendo aqui! Pelo contrário, devemos sim nos santificar diariamente, ou seja, separar-nos de coisas que não edificam, mas a intenção e o desígnio do coração, com que se faz isso, é que podem estar errado, e seremos tão bons quanto os fariseus. Eu buscava com a minha justiça própria o perdão, dessa forma, eu não agradava a Deus. Eu dizia para mim mesma: “olhe para mim, estou bem há tantos meses, eu não cai em nada, sou boa, ajudo pessoas e prego a Palavra!” Quanta santidade própria e soberba havia em mim. Eu estava tão cheia de mim, que eu mesma me aplaudia por estar firme e não ter caído em pecado ou não ter ofendido alguém, eu queria me exaltar, porque, afinal, eu estava “santa”. Mas o que eu não me dava conta é de que, com aquela mentalidade babilônica eu estava pecado e desagradando a Deus. O fato é que sempre habitarei em um corpo de carne, tendente ao erro. Nunca serei boa a ponto de realizar milagres somente por causa de “meus próprios sacrifícios”, da necessidade da alma por me sentir perdoada ou não, o que eu não entendia é o que Jesus que fazia em mim e através de mim, todas as coisas, e não o meu braço forte. Sempre que agimos ou pensamos assim, rejeitamos a Graça, que é Cristo. Entenda algo, de uma vez por todas: Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu (já deu) vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos […]. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé (não é sentimento é fé) e isso (o perdão, a salvação, a cura) não vem de vós (do seu jejum, do seu sentimento de culpa, da sua grande oferta); é dom de Deus (não é mérito seu, não vem por seu esforço); não de obras, para que ninguém se glorie (Ef. 2:4-9).
Me faltava a sabedoria e a simplicidade de uma criança, para entender como as coisas espirituais realmente aconteciam. Que loucura, Deus já nos perdoou, entenda, um pecado que você vai cometer amanhã, Ele já te perdoou na Cruz, você nem sabe o que vai pecar, mas tenha essa palavra, Ele já te perdoou. Dito isto, você pode pensar: “quer dizer que posso sair pecando que Ele já me perdoou?” E a resposta é, NÃO! Se de fato você tem Cristo em seu coração, e é nascido de novo, não viverá em pecado, porque não banaliza a Graça, antes, a valoriza, pois, para o nascido de novo, a Graça vale mais do que a vida (Sl. 63:3). Como disse o apóstolo Paulo, a Graça não é uma autorização para o pecado, porque sem santificação, ninguém verá a Deus. Muito cuidado com o sentimento de culpa, pois existe uma diferença grande entre culpa e arrependimento. O arrependimento acontece porque amamos a Deus e sabemos que cometemos algo que O entristeceu, por isso, nos arrependemos, confessamos, pedimos perdão e deixamos aquela prática, lançando tudo o que foi confessado no mar do esquecimento e colocando uma placa, escrito: “proibido pescar”, ou seja, não ficamos reciclando lixo! Mas buscamos a santificação, diariamente, vigiando, para não cair, novamente, em pecado. Já a culpa não, ela é uma manifestação da alma, cheia de emoção, de choro, de vergonha e dor, o ego está ferido e machucado, mas não arrependido, e isso não leva a lugar nenhum, porque não vem pelo amor a Deus, mas pela culpa. Muitas vezes, a culpa vem tão cheia de religiosidade e banalismo da Graça, que não nos permite experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Quando entendi a vida do Reino de Deus e decidi mergulhar no oceano do Espírito Santo, foi que experimentei o verdadeiro o amor de Deus, que lança fora todo medo, inclusive, o medo de não sermos perdoados. Quando você se permitir viver essa verdade, tão simples, que está dentro de você, então, a culpa será lançada fora e aí o inimigo ficará furioso, porque ele não quer que você se sinta livre, ele quer que você sinta culpa, autopiedade, autocomiseração e peso, todo dia! O Ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu (Cristo) vim para que tenham vida (cura, perdão dos pecados) e a tenham em abundância (Jo. 10:10).
Ps.: Eu não deixei de pecar, infelizmente, mas passei a buscar a santificação, porque aprendi a amar o Aba Pai.