Muitos já ouviram falar nos dons do Espírito Santo e nos talentos do Pai, que estudaremos a seguir. Mas neste estudo, quero enfatizar os dons ministeriais, que, como o próprio nome já diz são os “Ministérios”, ou seja, os cinco Ministérios de Cristo, que representam a mão de Deus na Terra. Da mesma forma que cada dedo da mão é importante, cada Ministério também é importante, nenhum é menor ou possui menos valor do que o outro. Embora o dedo polegar, o indicador e o médio nos ajudem a segurar com mais facilidades as coisas, não significa que o dedo anelar e o mindinho, que se unem para dar força, sejam inferiores. Encontramos a referência para os dons de Cristo na Epístola aos Efésios, que diz: Assim, Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com o propósito de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para que o Corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios, 4:11-13). Quando o apóstolo Paulo escreveu, “Ele designou” estava referindo-se a Cristo, que designou, entregou, doou ou concedeu para uma pessoa esse dom especial, para que ela exerça um ofício que deve ser desempenhando na Igreja, mas não em benefício próprio, e sim para o aperfeiçoamento dos santos, para que sejam edificados. Dessa forma, os cinco Ministérios têm uma finalidade importantíssima, que, além de edificar a Igreja, também serve para prepará-la para a volta de Cristo. Sem mais delongas, vamos as características dos Ministérios:
Apóstolo
Antes de serem apóstolos, os doze escolhidos por Jesus das formas mais inusitadas, foram, primeiramente, seguidores e discípulos mais próximos de Cristo. Talvez, você se pergunte: “Mas o que isso tem a ver?” A questão é que para exercermos um ofício ministerial, seja ele qual for, temos que, primeiro, conhecer Jesus na intimidade, somente assim seremos bons despenseiros da Graça e pregadores da mensagem do Evangelho, das Boas Novas. O apóstolo é aquele que foi constituído (designado) e enviado por Jesus e por Deus, e não por uma organização religiosa e eclesiástica para exercer esse ofício. Vejamos o versículo a seguir: Eu, Paulo, chamado para ser apóstolo, não por qualquer organização ou autoridade humana, mas por Jesus Cristo e por Deus o Pai, que ressuscitou Jesus da morte (Gálatas, 1:1). Observe que Paulo enfatiza que o seu chamado para o apostolado veio do próprio Senhor Jesus e não de homens que disseram que ele daria um “bom apóstolo”, como infelizmente tem ocorrido no nosso tempo. Todo apóstolo tem a missão de edificar a Igreja como Corpo de Cristo, levando o batismo com o Espírito Santo e o conhecimento da verdade do Reino de Deus (Atos, 19:1-21); tem a missão de abrir novas igrejas, ou seja, locais onde o nome de Jesus é invocado e temido, instruindo os irmãos com lágrimas e amor sobre os perigos de não buscarem a Deus (Atos, 19:13-31 e 20:31); tem a incumbência de realizar projetos sociais que cooperem para o benefício do Corpo de Cristo. Os apóstolos estão sempre à frente, procurando expandir o Reino de Deus, conduzindo todo o rebanho pelo caminho bom (Atos, 21:1-6); por estarem sempre à frente, os apóstolos são mais propensos a sofrerem ataques das trevas e a passarem por grandes provações (Atos, 21:27-36). Por isso, são o fundamento da Igreja, e é por meio deles que os pastores e líderes são separados, preparados e treinados para exercerem suas funções (Atos, 20:17-35). Os apóstolos normalmente transitam por todos os dons do Espírito e, de certa forma como vimos aqui, acabam exercendo um pouco de cada Ministério.
Profeta
Nem todo o que profetiza é profeta, porque pode fluir no dom profético, mas todo o profeta constituído por Deus profetiza. Da mesma forma que o apóstolo, o profeta também é levantado por Deus e recebe autoridade para falar em nome do próprio Deus (1 Reis, 17:1); os profetas repassam à Igreja, à cidade, aos estados, a países e até às nações, aquilo que Deus lhe confiou (Jeremias, 1:9-10). Vejamos o versículo a seguir: A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações (Jeremias, 1:4). Profeta é aquele que ouve e transmite o que Deus está falando à Igreja. Toda profecia serve para a exortação, consolação e edificação (1 Coríntios, 14:3), sendo essas, também, as mesmas características do chamado genuíno de um profeta de Deus, ou seja, ele tanto exorta, quanto consola e edifica. A origem do seu nome significa “aquele que expõe”. Em hebraico é נביא nabiy’ e significa porta-voz, orador, profeta, tem a ver com trazer uma mensagem de Deus para alertar o Seu povo e dar direcionamento. Mas, dependendo da mensagem, os profetas não são bem compreendidos e, muitas vezes, são tidos por loucos, como foi o caso dos profetas Oséias e Jeremias. Os profetas geralmente são pessoas mais sensíveis às experiências espirituais e ao falar de Deus, pois veem com clareza o mundo espiritual (Habacuque,1:3), por isso tendem a ficar mais sozinhos nos lugares secretos e nos montes, não afastados do Corpo de Cristo, mas isolados do mundo, pois veem as coisas como certo ou errado, preto e branco (1 Reis, 17:3-6); eles são sempre comprometidos com a verdade, tomam iniciativas e tendem a ser líderes fortes. Por serem mais independentes, tendem a mudar rapidamente de uma direção para outra sob a orientação de Deus (2 Reis, 2:1-6); são sempre intolerantes quanto a rebelião e à falta de temor a Deus. Por ser usado de formas diferentes por Deus, o profeta tende a ter emoções mais fortes e chorar com muito mais frequência (Miqueias, 1:8 e o livro das Lamentações); eles falam e interagem pouco, pois buscam sempre ouvir o que Senhor está falando e amam a restauração dos altares da Casa de Deus (1 Reis, 18:30).
Evangelista
O significado do seu nome em hebraico é ευαγγελιστης euaggelistes e significa “aquele que traz as Boas novas do Evangelho”. Esse foi o nome dado, no Novo Testamento, aos mensageiros da salvação em Cristo que não eram apóstolos. Ao falar com Timóteo, por meio de suas cartas, o apóstolo Paulo o exorta dizendo: Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério (2 Timóteo, 4:5). Diferentemente do profeta, todo evangelista tem facilidade de criar relacionamentos e interagir com pessoas (Mateus, 4:25, 28-41); tem a habilidade para falar em público, é eloquente em pregar o Evangelho para as pessoas e ávido para ganhar vidas para Jesus; o principal propósito do evangelista é o trabalho evangelístico, e isso faz dele um ótimo diácono, pois gosta de servir e vai até onde as almas perdidas estão, para anunciar de forma fácil e clara a mensagem da Cruz (Atos, 6:8-15 e 7:1-53); estão sempre dispostos a serem enviados (Isaías, 6:8). Os evangelistas são pessoas alegres e estão sempre rodeados de pessoas e tendem a ter uma performance diferente cada vez que ministram (1 Coríntios, 9:22-23). Mas embora eles tenham a facilidade de se relacionar e de trazer pessoas do mundo para Cristo, o fato é que não são aptos para cuidar de vidas como um pastor e nem de abrir igrejas e fundamentá-las como um apóstolo, mas podem ser consagrados a esses ofícios se assim Deus os permitir, para que o nome do Senhor seja glorificado. A exemplo, temos um grande Evangelista de nossa época, William Franklin “Billy Graham” Júnior, mais conhecido como Billy Graham, falecido recentemente em 2018, considerado um dos grandes evangelistas do mundo, pois pregou pessoalmente para mais pessoas do que qualquer outro pregador da história ao redor do mundo. Desde 1993, mais de 2,5 milhões de pessoas se renderam a Cristo em suas cruzadas e a sua audiência, a partir de 2008, incluindo rádio e televisão, superou 2,2 bilhões, vindo a se tornar pastor batista-americano e conselheiro espiritual de presidentes dos Estados Unidos. Acredito que ele chegou tão longe, porque obedeceu ao seu chamado, sendo fiel a ele. Outro detalhe interessante de um evangelista, é que ele pode fluir no dom da profecia, da cura e de milagres, em algum momento que o Espírito Santo achar oportuno, mas isso não faz dele um profeta. Todavia, por pregarem a mensagem da Cruz e ensinarem o Evangelho, os evangelistas são facilmente confundidos com os pastores e os mestres.
Pastor
Seja qual for o dom dado pelo Senhor Jesus (ministério), sempre teremos o próprio Jesus como exemplo. Ele foi o maior dos apóstolos, o maior dos profetas, o maior dos evangelistas e ainda o bom pastor, Ele disse: Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido (João, 10:11-14). Nesse pequeno trecho é possível ver algumas características de um verdadeiro pastor levantado por Deus, escrevo verdadeiro, porque, infelizmente as igrejas estão cheias de mercenários, de falsos pastores que usam desse título para arrecadarem fortunas para si. Os verdadeiros pastores não são cuidados pelas ovelhas, como vemos atualmente, eles é quem cuidam das ovelhas com as suas próprias vidas (1 Samuel, 17:33-36); eles arrebanham e cuidam das vidas que os evangelistas levam para a igreja (Atos, 20:28). Os pastores são responsáveis por administrar as igrejas abertas pelos apóstolos, a ajudar as pessoas com suas necessidades espirituais e a cuidar delas com a sua própria vida (1 Timóteo, 5:17). Afinal, para cuidar de vidas é preciso ter uma vida de entrega no altar de Deus. A função do pastor é conduzir as ovelhas para o caminho bom, protegendo e alimentando-as no ensino da Palavra sem torpe ganância (1 Pedro, 5:2-4). O verdadeiro pastor não visa lucros financeiros, nem expõe as ovelhas, antes, vai atrás da que se perdeu. O pastor consegue enxergar além do que as pessoas enxergam de si mesmas, porque é um líder nato que consegue ajudar as pessoas a descobrirem a qual dom ministerial cada uma pertence, pois conhece o seu rebanho (Provérbios, 27:23). Igual ao apóstolo, o pastor também pode transitar em vários dons do Espírito, mas isso não faz dele um apóstolo ou um profeta. Todavia, todo pastor tem um pouco de evangelista e de mestre.
Mestre
O nome por si só já fala tudo “o professor”, aquele que remete aos que o ouvem para a redenção. O mestre, antigamente, também era conhecido como “escriba”, eram homens que tinham como função copiar, interpretar e ensinar a Lei ao povo, os doutores da Lei. Havia um escriba descrito na Bíblia, cujo livro leva o seu nome, chamado Esdras: Este Esdras veio da Babilônia. Ele era ‘escriba, isto é, mestre’, e conhecia muito bem toda a Torá, Lei de Moisés, dada por Yahweh, o Senhor Deus de Israel. Ele foi falar com o rei Artaxerxes, e este foi benevolente, dando-lhe tudo quanto solicitara, porquanto a mão do Senhor estava sobre ele e abençoava as atitudes de Esdras […]. Ele deixou a Babilônia no primeiro dia do primeiro mês e chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês, graças à boa mão do seu Deus que permanecia sobre ele. Porquanto Esdras havia disposto todo o seu coração a conhecer a Torá, Lei de Yahweh, o Senhora praticá-la, e a ensinar em Israel os seus decretos e mandamentos (Esdras, 7:6-10). Vemos aqui, que o verdadeiro mestre ama estudar, entender e ensinar os textos bíblicos, por mais complexos e profundos que sejam; eles sempre conferem tudo na Palavra de Deus, são verdadeiros ‘bereanos’ (Atos, 17:11) e amam as traduções originais como grego e hebraico. A função do mestre é o de ser um “professor” para os demais, ensinando com graça assuntos, muitas vezes, difíceis. Geralmente, os mestres não aceitam de cara uma mudança repentina sem antes conferirem tudo nas Escrituras e não veem com bons olhos os que tomam decisões repentinas, pois tendem a ser mais racionais; eles gostam de ler textos complexos e de difícil compreensão, pois mergulham e cavam fundo atrás das revelações (Eclesiastes, 12:9); eles amam escrever e se aprofundar em palavras, por isso, tendem a ser mais controlados emocionalmente; são mais tradicionais e voltados à família (Tito, 2:7-8). O mestre possui uma graça e uma desenvoltura para ler, ensinar e explicar o que, talvez, um evangelista não conseguiria, porque a sua função é a de se aprofundar nos ensinamentos da Palavra de Deus de forma detalhada e minuciosa, levando em consideração até as vírgulas. O mestre é muito detalhista e por vezes é considerado uma pessoa de maior confiança, visto como uma âncora. Talvez, em uma ministração, o evangelista pregue que é importante o óleo da unção, já o mestre, fazendo uso do mesmo tema, discorreria sobre a origem da palavra, etimologia, tipos diferentes de óleos e por aí vai, porque ele é mais específico, afinal, diferente dos outros ministérios, o mestre se dedica mais ao estudo e ao ensino da Palavra (Lucas, 6:40).
Desejo que este estudo tenha sido de grande proveito e conhecimento. Deus te abençoe.