Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se iriar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus (Tiago, 1:19-20). Estava meditando na vida de Moisés, em toda a sua trajetória e peregrinação pelo deserto, com o povo de Israel. Moisés foi o único homem que viu toda a gloria de Deus, chamado de amigo de Deus, usado para operar milagres e prodígios, homem que a terra não foi digna de tê-lo (Êx. 33:17-23). Quão linda e forte é a vida de Moisés, a sua fé, a sua coragem diante de tantos desafios. Um homem mencionado nos heróis da fé, em Hebreus, 11:23-29, homem cujo corpo foi disputado pelo Diabo, contendendo com Arcanjo Miguel pedindo direito sobre ele (Judas, 1:9). Poderia dar aqui muitos atributos de Moisés, mas tem algo na vida dele que marca toda a sua trajetória de líder do povo de Israel. Algo que muda completamente o curso de sua história.
Após a morte de sua irmã Miriã, ainda em luto, o povo se junta contra Moisés e Arão, porque estavam com sede e como sempre murmuraram contra Moisés e Arão, que buscaram ao Senhor, que respondeu a Moisés, dizendo: “toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e, diante dele, falai à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha e dareis a beber a congregação e aos seus animais. Moisés então reuniu o povo e Arão e lhe disse, ouvi, agora, rebeldes: porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros? Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com seu bordão, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e seus animais. Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão, visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe dei (Números, 20:8-12). Mais adiante, temos Deus falando novamente com Moisés acerca dessa mesma palavra, dizendo: Sobe este monte Abarim e vê a terra que dei aos filhos de Israel. E tendo-a visto, serás recolhido também ao teu povo […] porquanto, no deserto de Zim, na contenda da congregação, foste rebeldes ao meu mandado de me santificar nas águas diante dos seus olhos (Números, 27:12-14).
Fico me perguntando qual motivo levou Moisés, que sempre foi tão obediente a Deus, a ferir a rocha duas vezes, em vez de ter apenas falado a ela como instruiu-lhe Deus? Mas em Êxodo, capítulo 17, as coisas ficam claras, quando lemos sobre a água da rocha de Refidim, que significa descanso, um lugar no deserto de Zim a caminho do monte Horebe (monte da Lei) lugar seco, onde o povo de Israel contendeu e murmurou contra Moisés por não haver água, vemos uma situação semelhante, onde Moisés teve a mesma postura de clamar a Deus, que lhe respondeu, dizendo: passa adiante do povo e toma contigo alguns anciãos de Israel, leva contigo em mão o bordão com que feriste o rio e vai. Eis que estarei ali diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá (Êx. 17:1-6). No primeiro parágrafo vemos Moisés irando-se e pecando contra a santidade de Deus, mas aqui, vemos Moisés cumprindo exatamente a Palavra de Deus. Observe que aquele lugar antes era Refidim, “lugar de descanso”, que passou a se chamar Meribá, “lugar de contenda”, por causa da contenta dos filhos de Israel e porque tentaram ao Senhor. Por tanto, temos dois episódios parecidos, ocorridos no mesmo lugar, em Meribá. Em um momento vemos Israel recém chegado ao Egito e no outro, já há muito anos ali: O Senhor, nosso Deus, falou-nos nestes termos em Horebe: tendes-vos demorado muito tempo neste monte (Dt. 1:6). Entenda algo: quanto mais tempo você passar no deserto, mas difícil será ouvir a voz de Deus.
Quando Moisés chegou a Refidim, “lugar de descanso”, lugar da Graça de Deus, de descanso em Cristo (Mt. 12:28-30); o Senhor queria derramar sobre eles água viva, que é o Espírito Santo, mas por causa da falta de fé, houve contenda e, consequentemente, tentaram a Deus, e por isso Deus mandou que Moisés passasse adiante do povo. O fato é que, quando o homem passa na frente do povo simboliza a Lei operando. Deus mandou que Moisés, também chamasse os anciãos de Israel, que simbolizam os “doutores da Lei”, fariseus da época de Cristo, e disse: “Eis que estarei ali”, note que Deus disse que estaria ali, não aqui, e disse mais: “diante de ti sobre a rocha”, diante do homem sobre a Lei, e disse: “ferirás a rocha”, essa ordem era para Moisés ferir o que a Lei causou, ou seja, Deus queria que o homem entende-se que a Lei só gera sede e contenda. Sem a morte de Cristo e a operação do Seu Santo Espírito a Lei jamais poderia ser cumprida. E disse mais: dela sairá água, porém, as águas de Refidim se tornaram águas de contenta, que são fornecidas pela Lei, que mata e gera mais sede, e não era isso que o Senhor queria. Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna (Jo. 4:13,14). Certamente a rocha da Lei, a pedra dura, deveria ser ferida pelo bordão, que é a Palavra de Deus, que representa o Verbo Vivo, que é Cristo. Moisés, em um primeiro momento obedeceu, mas por ficar há muito tempo naquele lugar com os murmuradores, desobedeceu a ordenança de Deus, que lhe disse: “Toma o bordão (a Palavra de Deus, autoridade espiritual, sinal para filhos rebeldes; Nm.17:10; Is. 11:4) falai à rocha, ou seja, sobre a minha palavra (Jr. 1:12; Crer Jo. 20:5,6. 7:38) dará a sua água, ou seja, aquela segunda rocha representava Cristo e a água que fluiria da rocha é o Espírito Santo (Jo.7:38-3 e Ap.22:1). Da segunda vez, em Meribá, Deus não mandou ferir a rocha, mas falar a ela, porque aquela rocha era o próprio Cristo com toda a Sua Graça e plenitude do Espírito.
Moisés pecou, severamente, contra a santidade de Deus, agindo com rebeldia. Entenda algo: é sobre a Palavra de Deus que o Espírito Santo flui e não sobre a nossa justiça própria ou força própria. Deus não divide a Sua glória com o homem (Is. 42:8). Quando Moisés levantou a mão para ferir a rocha, ele quebrou um princípio, movido pela ira e, por isso pecou, porque usou da força do seu braço e não no crer da Palavra, na fé, ou seja, quando ele feriu a rocha duas vezes, feriu o próprio Cristo, a Rocha Eterna (Is. 26:4, 2 Sm. 23:3) e não somente isso, mas ele feriu duas verdades primordiais para viver na terra prometida: a Graça (Hb.12:14-15; Ef.2:8-9 e Rm.11:6) e a vida no Espírito (Jo. 4:10-14; 7:37-39). Toda vez que pecarmos por meio da ira, não produziremos a justiça de Deus, seja quem for, aonde for, por isso que Moisés não entrou na terra prometida, não que ele tenha perdido a salvação, de modo nenhum e a Bíblia nos afirma isso, mas não ele tomou posse da terra, porque agiu com rebeldia à Palavra de Deus, dando, com isso, legalidade para que Satanás reivindicasse o seu corpo após a sua morte. Todas as vezes que você não confia na Palavra de Deus, usa de rebeldia para com Deus e deixa de tomar posse da vida do Espírito, para usar da força do braço e todas as vezes que você faz isso, abre mão da Graça e do Espírito Santo, deixando de mergulhar profundo para ficar em águas rasas. Seja livre da rebeldia, ouça a Palavra, pratique a Palavra e viva, não mais pela Lei, mas pela Graça, mergulhado no Espírito. Não deixe que a sua ira se torne em pecado de rebeldia, pois Deus não aceita rebeldes. Não permita que o sol da justiça, que é Cristo, se ponha sobre a vossa ira, não deis lugar ao Diabo, antes, creia no sol da justiça, é Ele que faz justiça e não a tua ira, mesmo que a situação te leve a uma ira absurda, não olhe para as circunstâncias, creia em Deus, que Ele fará! (Ef. 4:26,27). Não deixe que a ira te faça agir com a força do seu braço, não perca a sua bênção, porque isso não produzirá a justiça de Deus para sua vida. O que produz a justiça de Deus é a fé (Gn. 15:6). Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai. Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no Senhor (Salmos 4:4,5).
