Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho e então você verá CLARAMENTE para tirar o cisco do olho do seu irmão (Mateus, 7:5).
A nossa alma recebe informações, sentimentos, conceitos, orientações, ataques, abusos e todo o tipo de engano, desde o ventre materno. Quando nascemos, ainda crianças, tudo é tão lindo, tão puro, mas já existe uma alma que adquiriu informações e sentimentos errados. À medida que crescemos, muitos conceitos e preconceitos passam a ser estabelecidos e fundamentados no mais profundo do nosso ser, na alma. Mediante os enganos do maligno, sofismas sutis, que agem como pequenas raposas que destroem a vinha, começam a se esconder em áreas de nossas vidas, que somente o Espírito Santo para revelar e manifestar o que está em oculto para vir a luz. Esses enganos do maligno, passam a ser destrutivos, capazes de acabar com os sonhos de Deus para as nossas vidas, projetos e propósitos de valor eterno. Quando eu era nova na fé, achava que uma viga no olho se tratava dos meus pecados, ou seja, pensava que eu não poderia falar mal do meu irmão, uma vez que eu pecava também, mas esse versículo, na verdade, nos revela muito além disso. A prática da oração em outras línguas, para edificação pessoal, e da meditação na Palavra de Deus, nos leva a uma desconstrução de dentro para fora, porque quando oramos em outras línguas e meditamos na Palavra de Deus, permitimos que o Espírito Santo ore por nós, por meio do nosso espírito, uma vez que não sabemos orar como convém (Romanos, 8:26).
Uma coisa é a demolição (destruição) e outra é a desconstrução de uma casa. Quando demolimos algo, simplesmente de uma hora para outra o destruímos, mas uma descontração é algo que demanda tempo, dedicação e escolha para permanecer firme até a conclusão da obra, retirando cada material, utensílio ou destroço que não serve mais! Para entendermos melhor tudo isso, vamos imaginar uma casa antiga, com o piso cheio de infiltrações devido aos canos quebrados no assoalho. Imagine agora, as rachaduras na parede, cupins no teto, problemas nas portas que empenaram com o tempo e a má formação. Agora imagine em como será tensa a desconstrução dessa casa, uma vez que não possuímos a sua planta original e o sério risco que corremos em danificá-la se, simplesmente decidirmos sair quebrando tudo por conta própria. Perigoso não é mesmo! Então, como fazer? Eis a questão! A nossa vida não é diferente de uma casa velha e cheia de rachaduras. Temos muitas áreas que precisam ser desconstruídas e reconstruídas novamente por um arquiteto e engenheiro experiente, do contrário, o trabalho será dobrado e ficaremos como Israel no deserto, dando voltas e mais voltas ao redor da Terra prometida, e tenha certeza de que essa nunca foi à vontade de Deus. Sendo assim, quando oramos em outras línguas e meditamos na Palavra de Deus, permitimos que o edificador, Espírito Santo, faça todo o trabalho, dessa forma, somos poupados da aflição, do cansaço e do fracasso na obra.
A questão é que não aprendemos a depender do Espírito Santo e sim de nossos próprios esforços, em razão disso, temos a tendência de achar tudo difícil e na verdade é tudo muito simples. Aprendemos desde crianças que deveríamos fazer a obra com as nossas próprias mãos, realizando um trabalho que, na verdade, sempre foi do Espírito Santo, mas a Palavra de Deus, que é viva e eficaz, nos ensina o seguinte: Não por força ou por violência, mas pelo meu Espírito diz o Senhor dos Exércitos (Zacarias 4:6). E isso só será possível, quando deixarmos o Espírito Santo fazer o trabalho Dele, e nessa obra, o nosso único papel para que a reedificação ocorra sem problemas, é o de orar em outras línguas para a edificação pessoal, hora após hora (Judas 1:20) e na meditação da Palavra de Deus. Quando me refiro a oração em línguas para edificação pessoal, não falo de orar na igreja sem ninguém entender, porque deve haver interprete, mas sim, de orar consigo mesmo e com Deus, edificando o seu espírito. Nesse processo de desconstrução, após algum tempo arrumando a casa, costumamos olhar e ver o exterior, porque não somos profissionais e nem temos o olho clínico para isso, e a nossa tendência ‘adâmica’ é de sempre pegarmos a folha da figueira e cobrir a nossa nudez espiritual naquele momento, e achar que, por conta disso, tudo está bem (Gênesis 3:7). Mas em momento algum somos enganados, porque o edificador da obra, que é o Espírito Santo, vem e trás a luz ao que está em oculto, manifestando o que precisa ser restaurado, é como se Ele dissesse: “ainda tem uma infiltração muito séria próximo ao pilar da casa e se essa infiltração permanecer, futuramente irá ruir”; e a primeira coisa que a nossa alma pensa, nesse momento, é: oh não! Terei que abrir o chão e cavar, e comprar canos novos! Não podemos apenas fazer um reparo, ninguém irá notar se apenas maquiarmos a situação! Mas a verdade é que Deus não trabalha com emendas, nós amamos uma folha de figueira, mas Deus não, Ele faz tudo novo. As vezes nos encontramos nessa situação, como Adão, usando apenas uma folha de figueira, vendo o jardim lindo lá fora, os quartos reformados, a grama verde, em fim, tudo “parece” bem e nesse momento, somos surpreendidos com o chamado de Deus para parar tudo o que estamos fazendo, a fim de cuidar da casa, trabalho esse que a nossa carne e alma não gosta nenhum pouco.
Certa vez, me sentindo livre das rachaduras de minha casa espiritual, o Espírito Santo veio e me revelou infiltrações na casa espiritual do meu irmão e a primeira coisa que pensei, foi: Acredito nos reparos, mas não creio que essa infiltração tenha uma real solução. E, de repente, me deparei com algo perigoso em minha alma, porque percebi que, na verdade, eu achava aquela infiltração algo “impossível” de ser restaurado! Ou seja, o cisco no olho do meu irmão só revelou a imensa viga que havia no meu! O meu conceito ‘adâmico’ me mostrava apenas que qualquer reparo poderia ser feito ali, mas nunca uma transformação completa. Mas graças a Deus, que nada é feito pela força e sim pelo Espírito Santo, que tem o poder de manifestar o que está em oculto, para ser completamente restaurado. O Espírito Santo de Deus tem o poder de transformar a nossa mentalidade ‘adâmica’ para a mentalidade de Cristo e aquilo que antes era “impossível”, passa a ser motivo de grande alegria. Li uma vez a seguinte frase: A única coisa impossível é aquilo que não tentamos em fé. É muito fácil vermos a infiltração na casa do nosso irmão, uma vez que a hipocrisia, que dissimula uma situação, cega os nossos olhos para a destruição da nossa própria casa espiritual, ou seja, de uma alma que recebeu todo tipo de informação e conceitos errados, cheia de sofismas adquiridos durante os anos que passamos na religião e longe do governo do Espírito Santo. O defeito que você mais enxerga no seu irmão é o que mais opera na sua vida! A área que mais te incomoda no teu próximo é o que mais precisa ser tratado em sua alma! No entanto, a dissimulação é muito perigosa, porque ela significa ter duas ações para uma mesma situação, ou seja, na frente de uma pessoa comportasse de uma forma e por trás é outra coisa, possui dois caráter, duas faces, ora age em fé, ora em força; e é exatamente isso o que Deus quer tratar em nós. Quando vemos o cisco no olho do irmão ou quando tentamos maquiar a nossa própria “viga” (pecado) por comodismo ou banalísmo da Graça de Deus, porque é mais fácil cobrir-se com a folha da figueira e colocar a culpa no outro, do que assumir o erro e se colocando no altar de sacrifício.
À medida que oramos em outras línguas para edificação pessoa, meditamos na Palavra de Deus e nos entregamos as práticas espirituais da confissão da Palavra, do jejum e da adoração, o Espírito Santo vem e começa a trabalhar de dentro para fora, com isso, adquirimos, pela fé, a chave que nos dá acesso a planta original da casa espiritual e passamos a enxergar a imagem real de todas coisas. Nossos olhos começam a ser abertos e somos transformados, não pela força de vontade, mas pelo Espírito Santo de Deus, que encontrou na nossa obediência e fé, um lugar para operar o milagre que precisamos. Deus quer nos levar a enxergar a imagem real de todas as coisas, mas para isso, o Espírito Santo precisa de espaço para trabalhar, tirando os nossos olhos das circunstâncias e nos levando a ver como Deus vê. Quando aquela viga, que antes nos impedia de ver, é completamente removida, passamos a enxergar claramente com os olhos de Deus, dessa forma, nos tornamos aptos para tirar o cisco do olho do nosso irmão. Com isso, somos usados por Deus para cumprir os desígnios divinos na vida do próximo, recebendo do alto a autoridade para levá-lo ao seu real chamado, ativando, assim, o seu ministério. Deus nunca vai revelar o cisco no olho do nosso irmão sem um propósito, pelo contrário, quando isso ocorrer não significa que Deus está nos dando um livramento, isso seria um pensamento hipócrita, mas sim, de que devemos parar e analisar a nossa própria vida primeiro, porque o Espírito Santo certamente quer trabalhar em nossa casa espiritual primeiro. Deus não quer apenas que tenhamos a imagem real de todas as coisas, mas que sejamos a própria imagem real.